sexta-feira, 16 de maio de 2014

Uma verdade com rima

Quando uma mão adula e a outra dá o tapa
É a prova da má conduta e da falsidade que mata
Qualquer palavra bonita encanta com exatidão
Mas não há muro que resista se for precária a edificação

terça-feira, 13 de maio de 2014

Na rua

Guardou o que não entendia no bolso
Abriu a porta
e o medo entrou feito vento
Saiu perdido na rua
sonhando em dobrar a esquina
e encontrar si mesmo
No lugar do lixo
viu tudo que a humanidade perdeu
E a voz que grita com raiva no ouvido das pessoas
mostra que é muito mais fácil acreditar em coisas ruins

O que sei

Escuto o choro das crianças presas em corpos adultos
e o discurso dos loucos presos em seus próprios desejos...
Eu vou guardando algumas coisas que a vida me deixa
e sei que no final não será ela que me dará a luz.

Uma frase

"Semanas são milênios no mundo da ausência."

Malograda Maria

Pobre Maria
Cansada da agonia
Ajoelhou-se a rezar
Um anjo que passava
Que tinha um olho que sorria
outro que chorava
Comoveu-se e foi ajudar
Coitada da Maria
Recebeu sua alegria
Mas a graça começou a lhe custar
O anjo queria amizade
E agora por toda a eternidade
Terá que ouvi-lo lamentar

Madrugada

A madrugada com suas mãos pesadas, vai acertando os ponteiros do relógio. Como um velho pescador cansado, jogo minha rede de pegar sonhos. Mas nem o sono, fininho e arisco, se prende nela.
Escuto as palavras gritando por seus lugares, mas o papel as recebe com rejeição...
E indiferente à confusão, o sol, metido e cheio de razões, vai esticando seus raios, espreguiçando-se no céu escuro... até se abrir em risos ao ver fingindo que acorda aquele que nem dormiu.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

O dia


Atrasado
Seguiu o sol do dia
Esperando apanhar a noite, que no final da tarde vinha

Errado
Carregando o cansaço de semana passada
O sono é leve, a obrigação do cotidiano pesada

Perdido
No meio de valores que foram deixados
Amizades vendidas e sorrisos falsificados

Unido
Ao verdadeiro e escasso
A procura é árdua, o medo é do fracasso

Vencido
O oficio e pelo oficio
Aceitando o meio termo, aprendendo que se conformar é difícil

A lua grita
Pela calma que responde
Eu descanso na tua voz
E dou a risada que o medo esconde